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Ideologia, eu tenho uma?

 Nada está certo, a velha “nova ordem mundial” me agride os olhos, os ouvidos, as sensações e os sentimentos, mas ao mesmo tempo me acaricia, me acalenta, me envolve em uma zona de conforto que por alguns momentos me faz pensar que o importante é a órbita que gira em torno do MEU mundo. São nesses momentos que me acomete uma crise: até que ponto sou consciente e cidadã da/na sociedade em que vivo? Seria eu SÓ mais uma acomodada perfeitamente educada para aceitar e obedecer de olhos baixos as necessidades do sistema? Talvez sim, ou não. É confuso e frustrante. Das coisas que internamente eu acredito, no fundo da minha consciência e do meu coração, eu sei bem, mas me sinto solitária, e penso que acreditando sozinha  em utopias eu não chego a lugar nenhum. Até que ponto eu posso agir nesse mundo feito pra uma minoria? Não sei. Estou sinceramente perdida. Em que medida eu estou unicamente acomodada? Tenho convicção de não ser conscientemente acomodada, tô inserida em um contexto do qual pouco posso fugir. Não sou uma favorecida e também estou longe de ser a mais desfavorecida dessa história, mas como, por mim e por todos, eu posso me mobilizar?

Me recuso a participar de medidas paleativas, me recuso a recorrer as soluções para tapar buracos. Me recuso a culpar uma ou duas pessoas, um ou dois governos, porque sei também que a história de desigualdade do nosso país e do mundo foi construida, histórico e socialmente, e desde sempre as medidas paleativas predominam. Convenhamos, mudar séculos e séculos de uma história de desigualdade, de preconceito, de aculturação de um povo não é tarefa para uma década, ou duas, ou três, e sim para o dobro do tempo que se levou para construir esse contexto, porque estragar é fácil, o difícil é consertar pra valer. Temo ser flexível, compreensível demais, porém, se não é assim que tem que ser, alguém me dê uma alternativa viável! Devo me excluir dessa sociedade? Parar de consumir os bens que necessito, ou que me obrigam necessitar? Devo me abster de qualquer opinião e sorrir, aceitar a olhos cegos as agressões que sofro diarimente com essa desigualdade absurda, excludente e inescrupulosa? Não sei.

 Fico então com minha pseudo ideologia, com minha pseudo convicção e com meu pseudo conformismo esperando soluções que caiam do céu para meus bisnetos, pois sei que por mim, nada mais será feito. Aqui vive uma vítima, convicta. Vítima do quê? E convicta do quê? Não se sabe, ou do que não sabe.

Ahhh, e dessa vez, peço a todos uma resposta ao meu post, quero que alguém diga se me entendeu, se sente o mesmo, se pode responder as muitas interrogações que utilizei nesse texto, ou se tem alguém só para me dar os pêsames.

Pra quando eu passar dessa pra uma melhor…

Estou pensando em escrever um testamento, não necessariamente um testamento, mas um texto com dicas e instruções para as pessoas que me enterrarem. Sei que sou muito nova pra morrer, ou não. A morte é inesperada, quando chegar meu dia “pimba”! Lá vou eu pra terra dos pés juntos… Que mórbida, não? Não. Não é morbidez, é precaução, assim, quando tudo acontecer não haverá erros e eu não precisarei voltar pra puxar os pés de ninguém.

Vou começar falando de quantas vezes já escapei da morte, se eu for uma gata e tiver sete vidas, com certeza pelo menos cinco delas eu já queimei, ou seja, esta é a sexta; é bom que eu tenha parcimônia pra não queimar mais um cartucho. Não convém dizer agora exatamente como eu queimei cinco cartuchos de vida, só preciso dizer que foram descuidos vãos e evitáveis, ou seja, estava em minhas mãos escolher a vida ou o passo pro além. Por ser tão íntima da morte eu talvez não a tema, quero-a bem longe por enquanto, o texto é válido porque não quero correr o risco de que outras pessoas tomarem decisões por mim quando eu passar dessa pra uma melhor. Tô achando ate engraçado esse texto.

Bom, quando eu morrer quero ser cremada, essa é a primeira coisa, e quero que minhas cinzas sejam jogadas lá da estação das docas na baía do guajará. Ai! Que loucura. É sério isso, muito sério. Se não for assim venho atormentar todo mundo. Quero também que todos os meus bens, isso inclui dinheiro, imóveis, livros, discos, roupas, tudo, sejam entregues aos filhos que eu tiver e se houver briga entre eles por qualquer parte da herança quero que tudo seja doado pra caridade. Ora, onde já se viu brigar por herança? Não vou criar filho pra pensar que o dinheiro é a coisa mais importante do mundo. Se eu morrer e deixar filhos pequenos quero que eles fiquem aos cuidados do pai, nada de avós cuidando, nem os maternos e nem os paternos. Se o pai não conseguir cuidá-los, o que eu duvido muito, quero que eles vão morar em Belém com a madrinha. Ai, espero não morrer e deixar filhos pequenos…

Quero também que meus filhos vão, em cada aniversário de morte que eu faça, lá na estação das docas em Belém para comemorar a vida maravilhosa que tive, que tenho, que ainda terei, por certo que ela vai continuar sendo maravilhosa. Daí chegando lá na estação eles devem tomar chopp do Amazon Beer e comer sorvete de tapioca da Cairu em minha homenagem. Quero que meus filhos sejam muito amigos e unidos, senão venho na calada da noite puxar o pé de cada um deles e amarrá-los no pé da mesa, eu não, meu fantasma. Hehe

Quero que em minha cerimônia de cremação toque Beatles e sirvam cerveja para os convidados, as melhores cervejas disponíveis na época, por favor. E que os convidados recebam um cartão de agradecimento por terem feito parte da minha vida com os seguintes dizeres: Sentiu, viveu e amou intensamente, morreu em paz e quer todo mundo contente. Seu legado é o amor e a sabedoria de quem viveu pra ser feliz e não desperdiçou um só dia…

Beijos Ju Maués.

 

P.S. Não estou pensando em morrer agora, mas vale o registro, e ele é sério, se não for assim venho assombrar todo mundo.