Category Archives: Eu e as Pessoas

Sobre alguns amigos dos meus pais

 Falarei de algumas figuras que meus pais agregaram a nossa família de cinco (pai, mãe, eu e dois irmãos), foram amigos, colegas de trabalho, mas que de uma forma ou de outra marcaram as minhas lembranças de infância. Falarei de cinco pessoas/situações em especial, pois eram tantos os amigos que eu não conseguiria falar um pouquinho de cada um. De repente eu possa esquecer-me de algum detalhe, ou fantasiar sobre outro, totalmente perdoável se pensarmos que as lembranças de infância são sempre meio distorcidas, ou ganham outras dimensões. Posto isto, comecemos:

O Padre boêmio

Sempre achei muito estranho o comportamento de um padre que era amigo da minha mãe quando eu tinha lá pelos meus 10 anos de idade, ele ia lá pra casa, com os demais amigos professores que meus pais sempre tiveram, levava um vinho à tira colo e tocava lindas canções da música popular brasileira no violão. Minha cabeça se perguntava se ele era padre e também professor, ex-padre e professor, só padre que andava no meio dos professores boêmios. Bom, só sei que eu o achava uma figura fantástica, estava sempre com uma camisa listrada e falava manso, não fosse padre seria galanteador, ou uma coisa não necessariamente exclui a outra.

O que eu achava muito interessante

 No alto dos meus 11 anos de idade meu pai nos levou consigo para fazer doutorado em BH, lembro de gostar muito de tudo por lá. Meus pais eram jovens e sempre foram muito agregadores de pessoas, e mesmo que estivéssemos longe da família inteira, nossa casa nunca estava vazia aos finais de semana, sempre havia um amigo ou outro tomando uma cerveja, ouvindo uma música, estudando, sei lá, qualquer coisa legal desse gênero. Arrumaram um amigo um pouco mais novo, cujo nome não vale revelar, só lembro que ele tinha uma noiva linda e estavam sempre nas reuniões de música e cerveja do meu pai. E u o achava muitíssimo interessante, e foi ele que me mostrou pela primeira vez o cd do Los Hermanos de 1997, MARCOU MINHA VIDA FOREVER. No dia eu fiz questão de dizer que o cd era horrível, mas nunca mais esqueci o nome da noiva dele e o jeito como ele brincava com a gente, super carinhoso e atencioso, bem carioca. É isso e nada mais, pode ser constrangedor.

Os sócios cabeleireiros da minha mãe

 Ainda nesta empreitada em BH minha mãe conheceu dois rapazes cabeleireiros, os conheceu fazendo o cabelo em algum salão de bairro. Não sei bem o que colocaram na tintura dela, só sei que ela achou que seria um grande negócio abrir um salão com aquelas figuras. Fuen, fuen, fuen, fuen… Fracasso. Lembro-me de fazer lá, com os tais, a primeira chapinha da minha vida, foi na minha formatura da oitava série, me senti a mais linda das meninas, com o cabelo mais liso do que o de Cleópatra, brilhoso e sedoso, sem mexer a cabeça para não estragar a montagem by Grégori e Marquinhos, bem nome de amigo gay.

 O cearense cabeludo e a artista

 A fase de BH foi com certeza a melhor de todas, lá meu pai conheceu o cara que ele diz ser seu melhor amigo, e que faz parte da nossa vida, direta ou indiretamente, até hoje. O companheiro cearense cabeludo, formado em letras, que nos dava livros e conversava conosco como se fôssemos muito inteligentes, falava engraçado e tinha uns diálogos que só ele e meu pai entendiam. Gostávamos muito dele, de ir à casa dele e da sua esposa e de ver as coisas que ela, das artes, fazia, e de ver como eles e meus pais se deram as mãos para enfrentar a barra do doutorado longe de casa.

 A que me chamou de gorda

Essa aí eu tive vontade de matar, acho que foi a maior vergonha que minha mãe passou comigo na vida. Aos meus 14 anos de idade minha mãe sofreu com problemas na coluna, e sempre tinha alguém nos visitando para ver como ela estava, ou pra levar palavras de conforto, enfim. Um belo dia, havia faltado luz na nossa humilde housedência, me chega uma senhora rechonchuda e cheia de intimidade no nosso portão procurando por minha mãe. Era uma senhora das mais grossas do universo, daquelas que fala muito e alto. Minha mãe tinha dificuldade de se mexer então pediu que eu avisasse pra ela esperar na sala enquanto mamãe se organizava para recebê-la. Eu nem sabia quem era a mulher, e ela me pergunta assim: – Tu que é a Juliana? – Sou eu. – Respondi meio sem vontade – Gorda como sempre! – Exclamou aquela senhora que eu nunca tinha visto na vida e que mais parecia um papel pra embrulhar prego. Eu, instintiva e reativa como sou, respondi na lata: – Gorda é a senhora. – e virei a cara pra chamar minha mãe. Quando minha mãe viu quem era, ficou totalmente constrangida, pediu desculpas pra tal da tia e me disse que aquela era uma amiga dela desde os tempos que ela engravidou de mim, que eu precisava respeitá-la e pedir desculpas. Acho que falei que não se chama ninguém de gorda assim, especialmente uma adolescente neurótica cheia de inseguranças e etc. e tal. Marcou também, pra pior.

Essas foram algumas figuras que povoaram minha infância e que me fizeram aprender o quanto é bom encontrar amigos, achar identificações com pessoas nem sempre tão iguais a nós, mas que estão dispostas a amizade. Espero ensinar para minha filha igualzinho meus pais me ensinaram.

O que renova e enobrece

O que é páscoa pra minha pessoa? Renovação, época que não se pode comer carne vermelha, de tradições familiares, de MUITO CHOCOLATE e, segundo minha mãe, a gente não pode nem se mexer entre as 12h e às 15h da sexta feira santa senão… Coisas estranhas acontecem. As minhas páscoas entre a família Maués de Lima Araujo sempre foram fantásticas, não consigo contar quantos ovos e chocolates eu ganhava até meus 10 anos de idade, eram muitos e não duravam mais que um final de semana. Não me esqueço de ter o rosto pintado pela tia Bilu e pela tia Marrom, das brincadeiras nas tardes do domingo de páscoa, do esconder de ovos, de carregar pra cima e pra baixo um sansão (coelhinho azul da Mônica) que minha madrinha me deu. Lembro de cafés maravilhosos na casa da vovó Lalá, do feriado em mosqueiro, em salinas, em qualquer lugar cheio de primos, da minha vó Tina mandando ficar quieta na sexta feira santa, pois Cristo estava sendo crucificado (é isso?), mas, só não me lembro de pensar que esse tempo, mais doce que o doce de batata doce, iria acabar.

Acontece que as páscoas em que eu era criança já se acabaram, eram mais doces, mas não melhores das que sucederam e da que eu experimento hoje. Nesta páscoa, por exemplo, eu to bem renovada, é pra ser esse o espírito, né? Muitas coisas novas, enobrecedoras e que me trouxeram orgulho e segurança aconteceram para, junto com os chocolates, deixar minha páscoa desse ano um pouco mais doce, não tanto quanto as dos 10 anos, mas bem docinha também. Apesar dos pesares eu to me realizando, dando o melhor de mim para crescer e ver minha família se fortalecer, descobri o quanto é bom labutar e ver o suor do meu rosto resultar num bom trabalho, e ser recompensada por isso. Minhas aulinhas de inglês, minha bolsa em educação inclusiva, tudo ajudando pra eu conseguir achar o meu caminho profissional e ver o que de fato vai ser o meu pão doce de cada dia. Tenho sentido tanto orgulho do dinheirinho que eu ganho final do mês (que é pouco, mas é do meu suor, do meu esforço, na minha área e sim, PAGA AS MINHAS CONTAS) que tudo o que havia de menos positivo na minha atmosfera foi sendo minimizado.

Estou tranqüila quanto a isso, e mesmo que às vezes precise engolir alguns sapos, mesmo que às vezes seja mais cansativo do que eu jamais pensei que suportaria, mesmo que eu saia de perto da minha filha mais do que eu gostaria, mesmo que alguns dias eu não seja a esposa que eu gostaria de ser, eu sei que ao final das contas o saldo será positivo. No final de cada expediente quando eu chego em casa, no aconchego do colo da Maitê e do Eduardo, o  sorriso de um aluno, o muito obrigado, o abraço, o afago de um professor, a bronca de uma chefa, uma teoria que não entre na minha cabeça, tudo isso vale a pena, e se converte na construção do meu (nosso) futuro que, não duvido, me trará (a mim e aos meus) muito orgulho. FELIZ PÁSCOA, muito chocolate, doçura e renovação pra todos nós!

E a música de hoje é um clichê do Paulinho Moska, Páscoa é bem assim, o novo e clichê.

 

Só mais uma divagação…

Somos quem achamos que somos, ou somos quem as pessoas acham que nós somos? Pergunta transcendental que fez dormir a mim e ao Clarinodude na noite de 18 de abril de 2011. No final das contas não chegamos a conclusão alguma. Sei quem eu sou, ou acho que sei. Para isso me baseio nas pessoas e coisas que me formaram e na quantidade de amigos que tenho, porque o que importa mesmo é a quantidade de amigos que cultivamos, e a qualidade destes. Não adianta se achar a melhor das pessoas e ter inimigos espalhados por todo o lado, ou falar mal do outro, ou achar que o outro é pior que você. Eu gosto é de agregar e acho que por isso sou uma pessoa mais ou menos legal, ao menos agradável, muito difícil isso. Nós somos qualquer coisa, só somos. E eu gosto de mim, você gosta de mim? Você gosta de quem você pensa que é, as pessoas gostam de você? Só não vale enlouquecer…

Ideologia, eu tenho uma?

 Nada está certo, a velha “nova ordem mundial” me agride os olhos, os ouvidos, as sensações e os sentimentos, mas ao mesmo tempo me acaricia, me acalenta, me envolve em uma zona de conforto que por alguns momentos me faz pensar que o importante é a órbita que gira em torno do MEU mundo. São nesses momentos que me acomete uma crise: até que ponto sou consciente e cidadã da/na sociedade em que vivo? Seria eu SÓ mais uma acomodada perfeitamente educada para aceitar e obedecer de olhos baixos as necessidades do sistema? Talvez sim, ou não. É confuso e frustrante. Das coisas que internamente eu acredito, no fundo da minha consciência e do meu coração, eu sei bem, mas me sinto solitária, e penso que acreditando sozinha  em utopias eu não chego a lugar nenhum. Até que ponto eu posso agir nesse mundo feito pra uma minoria? Não sei. Estou sinceramente perdida. Em que medida eu estou unicamente acomodada? Tenho convicção de não ser conscientemente acomodada, tô inserida em um contexto do qual pouco posso fugir. Não sou uma favorecida e também estou longe de ser a mais desfavorecida dessa história, mas como, por mim e por todos, eu posso me mobilizar?

Me recuso a participar de medidas paleativas, me recuso a recorrer as soluções para tapar buracos. Me recuso a culpar uma ou duas pessoas, um ou dois governos, porque sei também que a história de desigualdade do nosso país e do mundo foi construida, histórico e socialmente, e desde sempre as medidas paleativas predominam. Convenhamos, mudar séculos e séculos de uma história de desigualdade, de preconceito, de aculturação de um povo não é tarefa para uma década, ou duas, ou três, e sim para o dobro do tempo que se levou para construir esse contexto, porque estragar é fácil, o difícil é consertar pra valer. Temo ser flexível, compreensível demais, porém, se não é assim que tem que ser, alguém me dê uma alternativa viável! Devo me excluir dessa sociedade? Parar de consumir os bens que necessito, ou que me obrigam necessitar? Devo me abster de qualquer opinião e sorrir, aceitar a olhos cegos as agressões que sofro diarimente com essa desigualdade absurda, excludente e inescrupulosa? Não sei.

 Fico então com minha pseudo ideologia, com minha pseudo convicção e com meu pseudo conformismo esperando soluções que caiam do céu para meus bisnetos, pois sei que por mim, nada mais será feito. Aqui vive uma vítima, convicta. Vítima do quê? E convicta do quê? Não se sabe, ou do que não sabe.

Ahhh, e dessa vez, peço a todos uma resposta ao meu post, quero que alguém diga se me entendeu, se sente o mesmo, se pode responder as muitas interrogações que utilizei nesse texto, ou se tem alguém só para me dar os pêsames.

Sobre uma rainha, seu coração e seu reino da alegria.

Vaguei, procurei, me perdi, desencontrei, enfim, então casei!

Quem disse que há roteiro prás coisas que só o que vem de dentro decide? Quem disse que as coisas do coração são explicáveis? Eu nem me atrevo a explicar as coisas do meu coração, e quem dirá então do coração dos outros, tem gente que se atreve. O mais legal foi a imprevisibilidade do meu matrimônio, vi, de longe, de perto, de certos, de errados, as mais diversas manifestações sobre esse momento. Ouvi conselhos, que se fossem de fato bons estariam na tenda dos milagres lá no centro da cidade. Mas o único conselho que eu talvez siga são os meus próprios, desses eu garanto algum resultado, não que sejam muito confiáveis, mas é certo que terei reposta pronta. E isso me importa muito, respostas, manifestações, explicações, nada de conclusões ou resumos, quero desenvolvimentos cheios de adendos.

Casei, acrescentei ao meu o sobrenome dele, fui clichê, o auge do clichê, eu que me dizia tão modernosa, que não casaria enquanto não tivesse a vida feita… Olhem, me orgulho hoje de ser tão inconstante, de transitar e assumir posturas diferentes, assumir no melhor sentido da palavra, porque eu mudo e assumo minhas mudanças, legal isso né? Assumi o clarinodude e ele me assumiu, agora somos definitivamente um responsabilidade do outro, um no outro, um pro outro e todos pela Maitê. Aos que achavam que nunca casaria, que nunca seria uma boa dona de casa, uma boa mãe, uma batalhadora de garra e cheia de ambições e crescimento, meus pêsames, ainda bem que não me espelhei em vocês.

As coisas mudaram, os caminhos foram se cruzando, e os resultados aparecendo, os se‘s que vez ou outra apareciam em minha cabeça hoje já não tem tanta expressão, se eu me questionava se tínhamos feito a coisa certo ao seguir cegamente o amor que nos cometeu, hoje não me questiono mais, e nem ousaria. No final das contas tenho certeza de ter feito o certo, porque um reino está se construindo. Sou uma rainha, tenho um rei e uma princesa, nosso reino não tem grandes posses, tem um monte de amor, vários sonhos e muitos materiais de construções (abstratos, mas que edificam), tudo tem valido muito a pena. Eu ainda hei de reclamar muito, pois sou uma insatisfeita convicta, o que me move é essa insatisfação, esse querer mais, querer mudanças e esperar acontecimentos.  Mas o melhor eu já tenho, uma família linda, e que se ama, que se apóia e se respeita, tá bom? Falou a sra. Juliana Maués S. Clarino, guardem esse nome! =)

E no meu conto de fadas o final vai ser feliz, porque no nosso reino, essa “rainha” que voz fala, acredita. E quem dirá que eu não sou uma rainha?

“Quantos sambas agüentar dançar, só não esqueça do seu trato da hora e parar, só vamos embora quando tudo terminar, eu vou te levar aonde você quer chegar, eu tenho a chave, NADA IMPEDE A VIDA ACONTECER, deixe-se acreditar, nada vai te acontecer, tudo pode ser, nada vai te acontecer, não tema, ESSE É O REINO DA ALEGRIA.” (deixe-se acreditar – Mombojó) – A música da minha vida inteira.

Feridas abertas tardam a se fechar. #FATO

Tenho sede, do novo, do explícito, do de sempre, do desconhecido, do diferente, do que sempre foi, continuará sendo, mas que mudou e muda sempre, pra não cair na mesmice de ser a igual. Brigo por isso, por não me deixar abater pelo que se segue dia após dia sem bruscas mudanças, sem reviravoltas, as boas reviravoltas, porque quando vêm as ruins eu sou capaz de esmorecer, dias e noites a fio, pensando numa forma de anulá-las, resolvê-las, desarmá-las. O que vem pra me atingir, de fato me atinge, mas quando me reergo brotam forças de um lugar que não sei, o tal desconhecido que me alimenta.

Digo, pois sei que tenho defeitos, que não sou tão nobre quando pareço, quando farejo injustiça, quando pronunciam em vão meu santo nome e sobrenome, quando minha família é usada, quando vejo o ódio do mundo típico da falta de amor próprio e, especialmente falta de amor para com os outros, sou contaminada sim. Quem viu não esquece o quão ríspida posso ser, rancorosa, dura, nunca cruel, mas ríspida, forte, uma fera que luta com unhas e dentes pra defender um ponto de vista construído a duras penas. Ponto de vista que pode não ser o certo, mas é o meu, e uma certeza eu tenho, por mais indelicadas, duras e impositivas que sejam as minhas opiniões e decisões, elas serão sempre pautadas na manutenção do amor como crença primordial, na minha família como expressão maior dessa crença, e das emoções como as mais puras manifestações do ser humano.

Alguns parágrafos para dizer que aprendi mais uma coisa este ano, que preciso ser respeitada não importa o que, ou quem. Porque dedico muito respeito às pessoas ao meu redor, até porque amo as pessoas, são objetos do meu desejo, da minha curiosidade, da minha construção e do aprender diário que valorizo tanto. Não passo de um quarto de século, mas sei do caminho que percorri, e sei do que move o mundo positivamente, isso eu sei, e se chama respeito. Enquanto você cuidar da sua vida direitinho, não tentar palpitar ou meter seus dedos na minha, enquanto você me respeitar como mulher, mãe, profissional, como ser humano que te respeita, terás o melhor de mim, caso contrário não me venha com tentativas vãs de assoprar feridas, eu até perdôo, mas custa, e antes do perdão virão as emoções, o mais puro instinto de um animal ferido.

Ah! Feliz ano novo, acabou o carnaval, chega de lenga lenga e vamos ao que interessa, um ano cheio de aventuras, desventuras, mas acima de tudo, de amor e de descobertas.

E a música de hoje é:

E que comece o novo ano… OI!

Quero ver beleza, quero ver leveza e tudo o que pese que eu possa carregar. Quero ir na bossa, viver numa prosa, fazer blues e samba pra todo mundo dançar. Não quero vantagem, só seguir viagem a tranqüilidade é que vai vigorar. Vou falar bem manso e voar bem alto, seguir em linha curva pra não desencantar.

Vou fazer bonito e sentir orgulho, aprender fazendo com muito bom astral. Venha a mim verdade e fraternidade, que de mim se afaste todo e qualquer mal. Porque eu quero brilho, quero luz e risos, quero improvisos, quero farrear.

Vou seguir sem medo da escolha certa, pois meu coração é que vai me guiar. E que venha a mim mais um ano novo, cheio de desafios, sorrisos e coisa e tal. Eu tô preparada, tô muito bem armada, tenho ginga e fôlego pra vender no final.

Ju Maués (06-01-2011)

Oi 2011!

 

 

Sobre o que 2010 me fez…

Retrospectiva é tradição nessa época do ano, e eu não vou fugir dessa, até porque não há nada mais justo. O que 2010 me trouxe (de bom ou ruim), essa será a retrospectiva…

Foi neste ano que estamos terminando que eu aprendi a confiar realmente em mim, a ter certeza que o que quer que eu faça foi o melhor que eu pude fazer em dado momento e em dadas circunstâncias. Independente da maneira que as coisas aconteceram na minha vida eu soube driblar as dificuldades e no final das contas o saldo foi muito positivo. Aprendi muito em 2010, aprendi que NADA nessa vida é mais importante que o amor e que o meu coração sabe como fazer as coisas, certo ou errado aprendi que é ele quem me guiará sempre. Reconheci também que sou muito intempestiva e que nem sempre minha impulsividade é o melhor caminho, mas sei que não consigo fugir dela, talvez esse seja um exercício pra 2011, conseguir segurar as rédeas um pouco e ser menos impulsiva. Descobri que amo as pessoas, amo gente, amo tanto que aprendi até a lidar com algumas muito diferentes de mim que estão e estarão por muitos anos ao meu redor, e descobri também que não posso deixar que estes mesmos seres humanos que eu amo abusem da minha paciência, da minha doçura e da minha amizade, porque eu sou boa, mas não pisem no meu calo, eu posso ser extremamente bruta, arrogante e chegar ao ponto de machucar muito alguém só com palavras.Aliás, as palavras foram ainda mais aliadas minha em 2010. Voltei a ter tempo pra ler e pra escrever, e relembrei que não há viagem melhor que essa.  Acho que foi este ano também que descobri o que quero fazer pra minha vida inteira, quero estudar os homens, as crianças, a história da educação e da formação de indivíduos de bem, pessoas críticas e transformadoras, é isso que eu quero. Fiz amigos, tem coisa melhor que isso? Acho que não! Encontrei pessoas especiais que já fazem parte de uma família que eu estou construindo em Florianópolis, e eles sabem bem quem são.

Só sei que a palavra do ano que está terminando foi aprendizado, valeu a pena, e valerá sempre… VEM 2011, e junto contigo que venha muito mais amor, aprendizado, construção, auto-conhecimento, confiança, generosidade, amizade, paz, saúde, serenidade e dinheiro no bolso!!!

Férias… minha Belém revisitada II

É, eu sou assim mesmo, reclamem da minha ansiedade, mas eu já me acostumei a viver com ela, e viver bem com ela, o que é mais importante. Essa semana foi nervosa pra mim, a ansiedade em pessoa, estamos indo, eu e minha família de três, passar férias em Belém e essa será a primeira vez que iremos juntos. Morro de saudades da minha terra, da minha gente, da parentada, dos amigos, do amanhecer quente e ensolarado, das idas à praia em julho, da tapioquinha domingo de manhã, e dos finais de tarde entre amigos na Estação das Docas, mas não morro de vontade de de viver lá de novo. Por isso as férias pra mim serão um evento, porque é o meu Pará revisitado, de um ângulo desconhecido pra mim.

Mademoisinha vai às férias, feliz da vida, sem se preocupar com os problemas do dia a dia, faculdade, dinheiro, casa pra cuidar, trabalho, enfim, só relaxar para voltar com as baterias regarregadas, pilhada pra continuar firme e forte batalhando a nossa vida à três. Amo nossa vida aqui nos ares do sul, cresci tanto de 2007 pra cá quanto jamais havia crescido em toda minha humilde existência, sou tão feliz que me move saber que estamos contruindo bases sólidas de uma família estruturada e que vai seguir junto por muitos e muitos anos, mas saber que tenho uma terra pra agradecer, uma gente pra abraçar e lembrar do  barro do qual  sou feita me move também, e é pra lá que eu vou descansar, pra Belém.

Quero aproveitar cada amanhecer, cada entardecer, cada ida à casa da tia Marrom, cada tarde com as primas, cada domingo no mormaço, cada pedacinho da orla de salinas e cada sabor de mosqueiro, porque minhas raízes e lembranças estão lá e pra sempre estarão, é pra lá que eu vou em pensamento quando preciso repousar meus devaneios, é o Pará que me acalenta. O Pará que eu fiz e que me fez, e que dessa fez vou refazer com meus amores, Maitê e Eduardo. Quero que eles tenham lá no norte um canto só deles também, que saibam como aquela terra é quente e querida, como brota amor daquele chão e como eles são parte disso também, porque são parte de mim.

Família Maués e Lima Araujo, estamos indo compartilhar com vocês todo amor, carinho, energia e diversão que temos guardados pra essa temporada, vamos quentes pra essa terra que tá sempre fervendo a pulsar o mais puro sabor do tacacá, açaí, do sorvete de tapioca e do amor que sei que meu berço tem, e que está sempre nos esperando. 😉 FERIÁAAAAAAAAAAAAAS, ATÉ DIA 5 DE AGOSTO.

Paixão culinária.

Linete andava pelo centro da cidade, o destino era o mercado público municipal, onde compraria iguarias para sua nova empreitada gastronômica. Na verdade não era uma expert na cozinha, mas se atrevia, e por ele tudo valia a pena. Ele era inalcansável, morava longe e nem ao menos a conhecia, era um chef de cozinha bonitão norte-americano que fazia suas receitas simples e deliciosas todas os dias na televisão. Ela não perdia um programa sequer.

A intimidade era tamanha que ela já até o chamava pelo apelido, e aquele dia era dia de receita apimentada, com muito curry, eles adoravam, ela e o chef. No mercado público escolheu ervas, massas integrais, cogumelos, tudo pronto para sua iguaria, tudo pronto para o encontro com seu cozinheiro. Voltou para casa correndo, faltavam poucas horas pro jantar, pra hora sagrada do programa do chef Cris, e ela ainda deveria parar e comprar duas garrafas de vinho, uma pro molho e outra para degustar enquanto seu encontro acontecia.

Ela era comprometida, e quem no final das contas sorvia o manjar dos deuses indicado por Cris e preparado por Linete era o marido. Ele chegava cansado do trabalho, sentava-se a mesa super satisfeito pelo esforço quase diário que sua mulher fazia preparando-lhe pratos dos mais diversos e sobremesas das mais suculentas. Para Linete era uma fantasia, brincava de cozinheira, satisfazia seu esposo, e sentia-se praticamente ao lado de Cris.

Quando chegou em casa Linete abriu um dos vinhos, serviu uma taça e preparou a mesa da cozinha com todos os ingredientes que seu chef no dia anterior já havia dito que usaria. Ligou a tevê e encantada suspirava com as primeiras palavras do culinarista:

– Boa noite, minha lindas telespectadoras, hoje faremos uma massa apimentada com cogumelos e curry.

E assim, flertando sem saber, Cris passou uma hora com Linete, que tomou meio litro de vinho até que o programa acabou, o marido chegou, e o jantar estava lindo. Com uma mesa toda decorada e a esposa já ligeiramente embriagada, o esposo abre um sorriso e é recebido assim:

– Oi meu amor, veja que linda receita que preparamos. – deu-lhe um beijo e completou – Eu te amo tanto, Cris.

Preparamos? Quem era Cris? Pos-se a pensar o marido quando a esposa tentou consertar.

– Cristais de Shiitake com pimenta indiana é o nome dessa receita, amor. Fiz pra você e só pra você.

O marido deixou passar, afinal, a mesa estava linda e pimenta esquenta qualquer rotina. Depois de comerem o delicioso jantar, foram pra cama, Linete, Cris e o marido, porque Cris… tais de Shiitake são afrodisíacos.